• Amanda Oliveira
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Os palestrantes Marcelo Pedroso, Vitor Olivie, Vitor Magnani, Federico Vega e Luciano Araújo (da esq. para a dir.) (Foto: Divulgação/Paulo Petit)

Os palestrantes Marcelo Pedroso, Vitor Olivie, Vitor Magnani, Federico Vega e Luciano Araújo (da esq. para a dir.) (Foto: Divulgação/Paulo Petit)

“Na época em que começamos, o termo "unicórnio" não era muito popular, mas nossa visão desde o começo era ser uma empresa gigante”. Foi com esse objetivo que Vitor Olivier, um dos sócios do Nubank, estruturou seu modelo de negócio. Fundada em 2013 por David Vélez, a startup foi avaliada em mais de US$ 1 bilhão e, este ano, se tornou o terceiro unicórnio brasileiro.

Olivier foi um dos palestrantes do Science meets Business (SciBiz), evento realizado na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da (FEA/USP), na última quinta (22), para discutir as inovações no ecossistema empreendedor. O painel “Como criar unicórnios no Brasil” foi mediado pelo professor Marcelo Pedroso, da FEA, e teve como convidados Federico Vega, da CargoX, Vitor Magnani, responsável pela área de políticas públicas do iFood e presidente da Associação Brasileira Online to Offline, e Luciano Araújo, head do MIT Bootcamp Brazil.

Foco no problema
O Brasil presenciou uma onda de unicórnios no início deste ano. A 99 foi a primeira startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão, seguida do PagSeguro e do Nubank. Segundo Luciano Araújo, o país tem um ambiente propício para o surgimento de unicórnios. “Há um número altíssimo de indústrias complexas, além de termos uma demanda muito clara de problemas para serem resolvidos”, diz.

Uma das dicas do head do MIT para ter sucesso nos negócios é manter uma visão clara do problema que a empresa quer solucionar. “Se você acertar o segmento de mercado, em uma lógica que é altamente replicável, há uma grande chance da startup se tornar um unicórnio”, afirma.

Foi com essa proposta que o argentino Federico Vega fundou a CargoX, uma startup que conecta caminhoneiros com as distribuidoras. “Saí viajando de bicicleta pelas estradas brasileiras e encontrei diversos motoristas reclamando que não tinham muita carga”, explica o fundador da empresa.

Aprendendo com os erros
O intuito da CargoX é diminuir a capacidade ociosa dos caminhões. Um dos desafios que Vega enfrentou foi compreender a complexa indústria de transporte de carga no Brasil. Mas o empreendedor destaca que ter resiliência foi essencial para o seu modelo de negócio.

Para Vitor Magnani, do iFood, não ter medo de errar e testar o projeto várias vezes também é uma dica valiosa. No entanto, é preciso saber como sondar o seu produto no mercado para a pivotagem não ser algo recorrente.

Magnani cita como exemplo dessa sondagem o novo produto da sua empresa: o iFood Shop, recurso que permite a entrega de insumos para os restaurantes. Por ele, os estabelecimentos poderão usar o crédito que têm no iFood para comprar feijão, arroz, farinha e bebidas dentro da plataforma - que fará a conexão com as distribuidoras. “Estamos testando com poucos distribuidores para ver como o modelo irá funcionar".

Investimento no produto
Quando estreou no mercado, o Nubank tinha um objetivo específico: criar um cartão de crédito sem tarifa para os clientes. “As pessoas falavam de milhas e nós não escutávamos”, diz Vitor Olivier. Para o empreendedor, esse foco exclusivo em produto foi fundamental para levar a empresa ao ponto que está hoje.

Para isso, eles investiram muito em tecnologia e em captação de recursos humanos.  “Quando já tínhamos uma base de mais de um milhão de clientes, criamos um novo produto”, ressalta. De acordo com Olivier, essa estratégia foi importante para o Nubank. Parte da estrutura que já havia sido desenvolvida, como atendimento e tecnologia, foi usada nos novos projetos.

Após lançar o cartão de crédito sem tarifa, a startup investiu no programa de milhas. “Percebemos que nossa proposta era boa para muita gente. Mas apenas o cartão de crédito não atingia o público com renda mais alta”, diz Olivier.

Recentemente, a empresa também lançou a NuConta, uma conta de pagamento, em que o cliente aplica seu dinheiro e tem rendimentos acima do CDB e da poupança.